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Salmo 127

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terça-feira, 21 de abril de 2009

Anti-Semitismo: o racismo que muda e persiste

Ser anti-sionista é negar ao povo judeu seu direito à liberdade e independência nacional.

Se um anti-sionista reconhece o direito do povo palestino a sua auto-determinação, sua atitude é discriminatória e anti-judaica.




O racismo anti-judaico possui uma tradição secular na Europa, com profundas raízes na cultura, religião e pensamento do continente e da Espanha. Suas manifestações mais violentas já ocorreram - a Inquisição e expulsão e o Holocausto.

Temos sorte em viver num mundo tão diversificado e rico em tradições, culturas e religiões. A minha tradição judaica me convida a apreciar esta diferença, a ser-lhe grata e preservá-la.

Diante das diferenças étnicas e culturais, alguns reagem com curiosidade e interesse, simpatia e apreço; mas outros reagem de forma oposta: com receio, rechaço, desapreço e inclusive ódio. Quando uma pessoa reage à diferença de outra pessoa com rechaço e hostilidade, vemos uma atitude racista. O racismo como atitude inclui o desapreço ao que é diferente por suas características físicas (mal denominadas "raciais"), e também ao que parte de algo coletivo diferenciado por cultura, religião ou orientação sexual. Portanto, o rechaço aos negros, ódio aos judeus, desapreço ao muçulmano ou o ataque ao homossexual não são fenômenos isolados: são distintas manifestações de uma mesma postura racista, só que dirigida contra coletividades distintas. Alguns racistas reagem mais contra uma coletividade e menos contra outras, enquanto todos os que possuem o racismo muito enraizado em seu ser discriminam e odeiam a todos que são diferentes deles mesmos.

Assim, os nazistas odiaram e perseguiram especialmente os judeus e também os ciganos, negros e eslavos; a Ku Klux Klan odeia principalmente os negros, mas também os brancos católicos e judeus. O fato de que estes grupos de racistas assumidos odeiem alternadamente várias coletividades é muito importante de destacar, já que é uma clara evidência de que seu ódio não "provoca" ações, nem qualidades específicas de algum povo, senão o rechaço que surge do seio do racismo, que não pode tolerar quem não é como ele. Esta atitude racista é muito antiga na humanidade e está especialmente presente em terras européias, onde a diferença é perseguida e combatida.

Na Espanha do século XVI, o racismo no poder unia várias hostilidades: perseguia os mouros, estabelecia critérios de pureza de sangue para discriminar os cristãos com origem judaica e argumentava que os índios recém-descobertos não tinham alma - o que lhes permitia perseguí-los e abusar deles mais facilmente. Mas dentro da atitude racista também há variantes, resultado das influências históricas e culturais que atuam sobre quem rechaça o outro. Assim como o racismo contra os negros nos Estados Unidos tem suas próprias características e história, o racismo contra os judeus na Europa tem uma história própria e uma presença diferenciada das demais formas de exclusão. Na Europa, basta uma simples observação da história para vermos que o racismo contra os judeus se manifestou na arte e na religião, desde o poder político e da Igreja, nas leis antijudaicas de Alfonso, o Sábio e outros monarcas espanhóis, e nos massacres de judeus do fascista Hitler e do comunista Stálin. O racismo contra os judeus tem sido bastante profundo e extenso na Europa para que possamos dar-lhe um nome mais específico: anti-semitismo ou judeufobia, a variante do racismo que foca seu ódio na coletividade judaica.

Ao se estudar a extensa história e desenvolvimento desta forma de racismo - coisa que poucos dos que opinam sobre a Espanha fazem sobre o anti-semitismo - , se vê que o racismo não morre, mas sim se transforma. Nos Estados Unidos, o dia em que os afroamericanos tiveram reconhecidos seus direitos civis, os milhões de brancos que os rechaçavam não se tornaram pluralistas e multiculturais por decreto, mas arranjaram outras maneiras de expressar sua hostilidade - formas sútis como a marginalização social e econômica, a discriminação cultural e da mídia -, modos de hostilidade que são possíveis
mesmo com as novas leis.

O mesmo se deu com o racismo anti-judaico na Europa: foi se transformando para se adaptar à realidade dinâmica. Na Idade Média, quando a religião era central na vida européia, a perseguição ao judeu "se vestia" com roupas de religião: se acusava o "assassino de Deus", saía-se para "matar judeus" na Páscoa, perseguia-se o que não tinha Deus (ao menos o Deus do perseguidor). Quando a Europa acreditava nas bruxas e temia os demônios, a judeufobia se disfarçava com essas roupas e acusava aos judeus de bruxaria e de ter "chifres" - esta mostra de ódio medieval encontrou seu lugar nos livros de texto de nossas escolas espanholas até apenas alguns decênios, durante o franquismo. Mas estas acusações perderam legitimidade e eficácia com a entrada da era moderna. Por isto, quando a Europa se modernizou cientificamente - os genes foram descobertos e as teorias de Darwin foram desenvolvidas -, o anti-judaísmo se vestiu de ciência para proclamar que o judaísmo não é uma cultura ou religião e sim um gene, que deveria ser marginalizado para não contaminar os demais genes superiores e que os seres inferiores (judeus) deveriam ser exterminados para que os superiores (arianos) pudessem progredir.

Esta é a ideologia - feita e aplicada totalmente na Europa e pelos europeus do século XX - que conduziu a Auschwitz, o lugar onde 20.000 pessoas chegavam a cada dia da Europa para serem - em apenas 2 horas de eficiência germânica - despojadas, exterminadas nas câmaras de gás e convertidas em montanhas de cinzas nos crematórios, que não pararam de produzir fumaça por dois anos.

Em seguida a esta vergonha para a humanidade, nenhum racista anti-judeu podia manifestar publicamente seu anti-semitismo sem ser despretigiado e mal-visto - como haviam feito milhões de europeus em voz alta, antes da guerra.. Na Europa pós-guerra uma manifestação judeofóbica não é bem-vista, e o discurso anti-semita está deslegitimado. O que os racistas europeus, da Polônia à França, que até ontem haviam colaborado com o nazismo fazem agora? O que fazem aqueles que levam dentro de si um rechaço e preconceito contra o judeu profundamente enraizado, alimentado por séculos de cultura racista e colonialista de oprimir o diferente? Abandonaram por decreto sua hostilidade aos judeus e se transformaram em pluralistas? Quiçá alguns sim, mas a maioria faz o que os racistas de todas as épocas vinham fazendo: adaptam seu discurso e buscam novas formas - legais e socialmente aceitáveis - de prosseguir com seu rechaço ao diferente.

Na Europa multicultural e pluralista de hoje não há muitas formas aceitáveis de ser racista, e por isso tampouco se pode, como antes era feito abertamente, rechaçar o judeu de nosso bairro, nem discriminar o judeu que vive em nossa cidade; Mas há algo que se pode fazer: rechaçar o judeu entre os países, marginalizar o país que é diferente, atacar Israel, o país que é o judeu de nossa nova aldeia global.

Não estamos sugerindo que qualquer crítica a uma política do governo israelense é uma prova de anti-semitismo; isso seria ridículo, dado que os maiores e melhores críticos dos governos israelenses são os próprios cidadãos de Israel, seus escritores, artistas e parlamentares.

Para esclarecermos, há três formas concretas de distinguir uma crítica válida (e também necessária) sobre o Estado de Israel e suas políticas de uma manifestação judeufóbica que se faz utilizando Israel. A primeira é constatar se o critério ético ou político utilizado para a crítica a Israel é o mesmo empregado para se criticar um país cristão, muçulmano ou outro. Criticar Israel de forma especial (em quantidade e qualidade) reflete uma discriminação negativa.

Uma segunda forma de expressar o rechaço ao judeu através da crítica a Israel é negar ao povo judeu o direito reconhecido a todos os povos da terra: o de autodeterminação. O movimento nacional do judeu para ser livre e independente em sua terra se chama sionismo. Ser anti-sionista é negar ao judeu sua liberdade e independência nacional. Se um anti-sionista reconhece o direito do povo palestino a sua auto-determinação, vemos que sua atitude é discriminatória e anti-judaica.

Por último, notamos racismo anti-judaico quando uma crítica às políticas israelenses são usadas para justificar e legitimar o ódio e a violência contra judeus que vivem em qualquer parte do mundo e não são cidadãos israelenses. Quando Andrés Trapiello ("Revista de La Vanguardia" 7/12/2003) escreve que as bombas colocadas em sinagogas de Istambul não são atos anti-semitas, mas sim somente uma expressão do anti-sionismo, está usando Israel para legitimar a violência e o massacre de judeus civis turcos.

O racismo anti-judaico tem uma tradição de séculos na Europa, com profundas raízes na cultura, religião, pensamento do continente e da Espanha. As manifestações mais violentas do anti-semitismo aí ocorreram: a Inquisição e expulsão e o Holocausto.

Cabe a nós hoje não só revisar o passado como ter o cuidado de estar atemtps para as atuais e mais sutis formas desta doença que ainda está presente entre nós.

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Um comentário:

  1. Olá José Carlos, como vai? Agradeço sua visita ao meu antigo blog!! De lá eu migrei para http://mstpm.net.Fiquei feliz com seu comentário!

    Interessantes os textos que você posta aqui. Pretendo lê-los com mais calma.

    *abraços*

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